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Vou por onde a arte me levar.

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

A contestação juvenil - Parte 2

Provavelmente, uma organização tipo semelhante a comitês, conselhos ou grupos locais e todos os gêneros de organização que depois possa coordenar-se a um nível mais geral.    No entanto, como já disse, suas formas ou estruturas estão ainda por estudar.    A diferença entre o movimento de Berkeley e os movimentos franceses e alemães, entre eles existem uma considerável diferença que, na minha opinião, se deve sobretudo ao fato de que nos Estados Unidos falta uma sólida e duradoura tradição marxista e socialista.    Por outro lado, essa tradição existe na França e na Alemanha, o que proporciona a base para um movimento muito mais efetivo e extenso que o que se dá em outro país.    De qualquer modo, não é a tradição marxista o único fator; a tradição cultural e intelectual também influi como um todo, particularmente no campo da literatura.    Não foi por acaso, que palavras de ordem surrealistas, tais como " a imaginação ao poder ", desempenharam um importante papel no movimento francês e também no movimento alemão e, por outro lado, não tiveram influência nos Estados Unidos.    Eu diria que o movimento francês é mais radical que o norte - americano.    E digo mais radical porque  o primeiro aponta para uma mudança total nas esferas intelectual e material, e não só na área das instituições e das relações sociais.    O movimento da juventude na França aponta para o que foi denominado uma  qualidade de vida radicalmente diferente ", o que afetaria todas as relações humanas em todas as dimensões da sociedade.   Ora é isto que  interessa realmente à humanidade.     Berkeley fica na Califórnia e aqui o contraste social é especialmente agudo: por um lado, o luxo e o conforto das elites; por outro, a miséria e a pobreza derivadas das condições de vida dos trabalhadores emigrados  e dos assalariados.    É um contraste escandaloso, muito mais evidente que em outros lugares do país.   Apesar de não ser um especialista em questões do chamado Terceiro Mundo, posso dizer-lhe que de fato me atrai especialmente a atenção o papel tão específico que neles desempenham os estudantes, talvez hoje os mais radicais do mundo, acicatados pela pressão que o imperialismo exerce nos seus países.    No entanto, em conjunto, a estrutura da revolução comunitária no Terceiro Mundo move-se ainda sobre fundamentos tradicionais, ou seja, trata-se de uma revolução que responde a uma situação de pobreza.     Nos países capitalistas que atingiram um elevado grau de desenvolvimento, a revolução não surgiria da miséria  e das privações, mas sim da necessidade de humanização e pela degradação das forças produtivas... Eu diria que o fermento revolucionário se encontra disseminado em amplos setores da escala social e não só entre as classes trabalhadoras, principalmente nos estados unidos.    O impulso em direção a uma mudança radical encontra-se também, evidentemente, entre as classes trabalhadoras, sobretudo entre os jovens trabalhadores e os trabalhadores de raça negra.    Mas, em  seu conjunto, e nos Estados Unidos, as classes trabalhadoras não são hoje, em verdade uma classe revolucionária.    Atualmente, já não é possível isolar uma classe social e dizer que nela e só nela se encontram os fatores e os indivíduos que se inclinam para a revolução.    O potencial revolucionário é muito  mais amplo e muito mais profundo.     Os estudantes estão hoje na primeira linha.    Formam até uma espécie de vanguarda.    Mas, em última instância , creio que Marx tinha razão e que, apesar de tudo, a revolução não pode materializar-se sem a participação das classes trabalhadoras, que, caso seja necessário, é o único sujeito social capaz de deter o processo de produção e reprodução.    Efetivamente muitos críticos censuraram-me por considerar a ciência como um meio de domínio.     No entanto, é um fato que esta se converteu em um instrumento de destruição e de domínio, mas não em razão da lógica que lhe é inerente, antes por causa da servidão da ciência perante os interesses das classes dominantes.    De qualquer modo, ainda que não seja seu autor, também sustento a tese de que a ciência é um fator indispensável para a construção de uma sociedade melhor. ( por Herbert Marcuse ).

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