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Vou por onde a arte me levar.

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Parte 2 - Aleijadinho, o profeta da alma brasileira.



Um dia, Antônio Francisco começou a perder os dedos dos pés.   Depois de algum tempo, só podia andar de joelhos.  Os dedos das mãos atrofiavam-se e curvavam-se, em alguns casos caíam.   Restavam os polegares e os índices.   Conta-se que a angústia e o desespero do artista fizeram com que ele próprio cortasse pedaços de suas mãos, usando para isso o formão com que trabalhava.  Há diferentes teorias sobre a natureza da sua doença.   Seria a zamparina, que causava deformidades e paralisia (pergunta).  Ou era uma doença semelhante ao escorbuto (pergunta).   Seria uma consequência de excessos amorosos, como asseguravam as comadres (pergunta).  Com o agravamento da doença, as pálpebras dos olhos inflamaram-se e sua parte inferior ficava visível.   O biógrafo Rodrigo Bretas conta que Aleijadinho perdeu quase todos os dentes.   A boca entortou-se do modo como ocorre às vezes com os deficientes mentais.   O queixo e o lábio inferiores ficaram caídos.   O olhar do artista adquiriu uma expressão de ferocidade, que chegava a assustar quem o encarasse subitamente.   Essa circunstância  e a boca torta davam-lhe um aspecto medonho.   A impressão causada por sua fisionomia tornava Antônio Francisco agressivo com as pessoas.   Com os sentimentos feridos, ele ficava irritado até quando ouvia elogios: enxergava ironia oculta nas palavras amáveis de gente desconhecida.  Embora fosse alegre e bem humorado entre os amigos, ele não tolerava a curiosidade do povo.  Para evitar o constrangimento, trabalhava oculto.  Mesmo que estivesse entre as quatro paredes de uma igreja, isolava-se do resto do salão por meio de lonas.   Conta-se que certa vez um general - provavelmente Luís da Cunha Menezes decidiu observar de perto enquanto ele trabalhava em pedra.   Aleijadinho não pôde afastar diretamente o visitante ilustre, mas fez cair tantas lascas de granito sobre o general que teve de se retirar.   Os trabalhos eram feitos em equipe; Aleijadinho possuía um escravo africano chamado Maurício, que operava como entalhador e lhe era absolutamente leal.   Além dele, dois outros escravos: Agostinho, também entalhador, e Januário, que guiava o burro em que o artista se deslocava pela cidade.   Para não ser visto pelas pessoas, Aleijadinho ia de madrugada  para o trabalho e dali só saía à noite.   A medida que o sofrimento o forçava a amadurecer, o artista se elevava até uma percepção superior das coisas.   Sua vida pessoal era uma crucificação.   A ressurreição ocorria no mundo da arte.   Entre os trabalhos famosos de Aleijadinho estão sua atuação na Igreja  de Nossa Senhora do Carmo (Ouro Preto), na Igreja de Nossa Senhora do Carmo (Sabará) e na Igreja de São Francisco de Assis (Ouro Preto).  A capela de São Francisco é considerada a melhor expressão da fase final do barroco mineiro.   Nela, Aleijadinho foi também arquiteto e dirigiu a parte principal da obra, entre 1772 e 1779.  Depois dessa data, outro mestre notável, Manuel da Costa Ataíde, fez grande parte das pinturas do interior.

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