Viena, no começo do século, é uma metrópole com aproximadamente dois milhões de habitantes. Capital do Império e centro industrial entre os maiores da Europa, a cidade está vivendo os últimos anos da sua despreocupada " doce vida ", mas atrás dessa brilhante fachada, está uma triste realidade: um milhão de pequenos empregados e operários que vão vivendo uma vida meramente de subsistência; e mais a massa dos deserdados, vagabundos e delinquentes de todas as raças. É nesse ambiente que Adolf Hitler passa sua vida entre os vinte e os vinte e quatro anos. .Deixou o quarto na Stumpergasse onde morava com o amigo August, e logo teve de abandonar também o quarto alugado na Simon Denk Gasse. Sua única renda fixa - até os vinte e um anos - é a pensão de 25 coroas que recebe como órfão, mais ou menos equivalente à metade do pagamento mínimo de um servente de pedreiro. Desse modo, arruma-se como pode para juntar algumas coroas: removendo neve, carregando malas na estação, pintando pequenos quadros, sendo servente de pedreiro. Dorme em um dormitório público, na Meldemannstrasse; come no convento dos frades da Gumpendorferstrasse; não bebe e não fuma, mas, tão logo lhe sobra uma coroa, corre a se empanturrar de docinhos de creme.Tem pouquíssimos amigos, embora frequente pessoas de todo tipo. Entre outras, um certo Isidor Neumann, judeu, que o presenteia com um sobretudo comprido até os pés; e Josef Greiner, um candidato a artista, como ele. Reinhold Hanisch, que encontra no decorrer de 1909, propõe-lhe sociedade num negócio: Adolf, pintor, pintará cartões-postais e pequenos quadros, ele irá vendê-los nos cafés e diante das igrejas, e dividiriam o lucro meio a meio. Tudo vai bem por alguns meses, até que Hanisch desaparece com um quadro, e Hitler o denuncia. Entre um trabalho e outro, não lhe falta de certo tempo livre, e Hitler passa-o lendo principalmente tudo quanto pode satisfazer sua sede de informação imediata, de conhecimento. Constrói assim, nesses anos - entre as pessoas com os quais convive, nas ruas e nas casas que o hospedam, com as páginas que rapidamente devora __ aquela que será a base de todas as suas experiências. Uma visão de mundo focalizada em algumas ideias e impressões não mais modificáveis, tais como: a natureza irremediavelmente cruel do homem, a conspiração maléfica e universal dos judeus, a superioridade da raça ariana e seu direito de dominar o mundo, a profunda antipatia pelas instituições democrático-parlamentares, o ódio impiedoso pela social-democracia e pelo marxismo. São ideias bastante comuns, naquele tempo, em Viena __ e, em geral, em certos ambientes alemães __, mas Hitler se agarra a elas com tal determinação e as defende com tal animosidade, que surpreende e atemoriza os seus próprios companheiros, que talvez por isso também tendem a evitá-lo. Em maio de 1913, Adolf Hitler transfere-se para Munique. A cidade bávara é moderna e elegante, sem dúvida mais tranquila do que a cosmopolita Viena. Mas a vida de Hitler não muda muito: hospeda-se na casa de herr Popp, na Schleissheimerstrasse, e continua a viver de expedientes. Em 3 de agosto de 1914, é feita a declaração de guerra à França: Adolf Hitler, que está entre a multidão entusiasta na Praça Odeon, logo se apresenta para ser alistado como voluntário. Com efeito, meses depois parte para a frente ocidental. Integra a primeira companhia do regime List, com o encargo de estafeta; enfrenta o batismo de fogo na dura batalha de Ypres e assiste à dizimação do seu regimento. Em 1915 está em ação perto de Tourcoing e Neuve Chapelle, no ano seguinte em Somme e perto de Bapaume. Aí, a 7 de outubro de 1916, Hitler foi ferido em uma perna e internado no hospital de Beelitz, perto de Berlim; mas após breve convalescença e alguns meses de reserva em Munique, volta à frente com o grau de cabo. Participa então das operações na região de Arras, Artois e Chemin des Dames; em 1918 está em Montdidier e em Soissons. Em 4 de agosto lhe foi conferida uma Cruz de Ferro de primeira classe, condecoração extraordinária para um simples cabo. Na noite de 14 de outubro, enfim, está de novo em Ypres, onde os ingleses atacam com gases: seus olhos são atingidos, sofre um colapso e é imediatamente internado no hospital de Pasewalk, perto de Stettin. É aí que, a 11 de novembro, tem conhecimento do término da guerra: a grande Alemanha rendeu-se. A grandeza e a complexidade dessa luta, que afetou a humanidade inteira, não podiam deixar de produzir repercussões profundas no espírito de Hitler. Em 13 de novembro de 1918 Hitler volta ao seu regimento, o décimo sexto da infantaria bávara, sediado em Traunstein na Alta Baviera. Atravessou uma Alemanha caótica e desesperada, perturbada pela miséria, pelo medo, pela violência da revolução. Duas semanas antes a 31 de outubro, todos os navios de carreira, os cruzadores e os encouraçados de Kiel amotinaram-se , avivando um movimento espontâneo de marinheiros que proclamou a República social; a insurreição propagou-se em seguida para Hamburgo onde encontrou a adesão dos Conselhos dos soldados e dos operários. Na noite entre 7 e 8 de novembro o socialista Kurt Eisner constituiu em Munique a República Bávara, baseada no Conselho dos operários, dos soldados e dos camponeses. O dia 9 de novembro foi agitado em Berlim: enquanto os Conselhos proclamavam a greve geral, o chanceler imperial Max von Baden punha fim às indecisões do imperador Guilherme 2, que renunciou ao trono, entregando nas mãos do social-democrata Friedrich Ebert o cargo de chanceler do Reich; à tarde, com meia hora de diferença, dois homens proclamaram a República: o social-democrata Philipp Scheidemann, falando de uma janela do Reichstag, e o comunista Karl Liebknecht, dos degraus do castelo imperial. Dois dias depois, finalmente, em Compiègne, Matthias Erzberger, chefe da comissão alemã para o armistício, assinou pela Alemanha o tratado com as potências ocidentais.
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quinta-feira, 5 de outubro de 2017
Hitler por ele mesmo - parte 6
Viena, no começo do século, é uma metrópole com aproximadamente dois milhões de habitantes. Capital do Império e centro industrial entre os maiores da Europa, a cidade está vivendo os últimos anos da sua despreocupada " doce vida ", mas atrás dessa brilhante fachada, está uma triste realidade: um milhão de pequenos empregados e operários que vão vivendo uma vida meramente de subsistência; e mais a massa dos deserdados, vagabundos e delinquentes de todas as raças. É nesse ambiente que Adolf Hitler passa sua vida entre os vinte e os vinte e quatro anos. .Deixou o quarto na Stumpergasse onde morava com o amigo August, e logo teve de abandonar também o quarto alugado na Simon Denk Gasse. Sua única renda fixa - até os vinte e um anos - é a pensão de 25 coroas que recebe como órfão, mais ou menos equivalente à metade do pagamento mínimo de um servente de pedreiro. Desse modo, arruma-se como pode para juntar algumas coroas: removendo neve, carregando malas na estação, pintando pequenos quadros, sendo servente de pedreiro. Dorme em um dormitório público, na Meldemannstrasse; come no convento dos frades da Gumpendorferstrasse; não bebe e não fuma, mas, tão logo lhe sobra uma coroa, corre a se empanturrar de docinhos de creme.Tem pouquíssimos amigos, embora frequente pessoas de todo tipo. Entre outras, um certo Isidor Neumann, judeu, que o presenteia com um sobretudo comprido até os pés; e Josef Greiner, um candidato a artista, como ele. Reinhold Hanisch, que encontra no decorrer de 1909, propõe-lhe sociedade num negócio: Adolf, pintor, pintará cartões-postais e pequenos quadros, ele irá vendê-los nos cafés e diante das igrejas, e dividiriam o lucro meio a meio. Tudo vai bem por alguns meses, até que Hanisch desaparece com um quadro, e Hitler o denuncia. Entre um trabalho e outro, não lhe falta de certo tempo livre, e Hitler passa-o lendo principalmente tudo quanto pode satisfazer sua sede de informação imediata, de conhecimento. Constrói assim, nesses anos - entre as pessoas com os quais convive, nas ruas e nas casas que o hospedam, com as páginas que rapidamente devora __ aquela que será a base de todas as suas experiências. Uma visão de mundo focalizada em algumas ideias e impressões não mais modificáveis, tais como: a natureza irremediavelmente cruel do homem, a conspiração maléfica e universal dos judeus, a superioridade da raça ariana e seu direito de dominar o mundo, a profunda antipatia pelas instituições democrático-parlamentares, o ódio impiedoso pela social-democracia e pelo marxismo. São ideias bastante comuns, naquele tempo, em Viena __ e, em geral, em certos ambientes alemães __, mas Hitler se agarra a elas com tal determinação e as defende com tal animosidade, que surpreende e atemoriza os seus próprios companheiros, que talvez por isso também tendem a evitá-lo. Em maio de 1913, Adolf Hitler transfere-se para Munique. A cidade bávara é moderna e elegante, sem dúvida mais tranquila do que a cosmopolita Viena. Mas a vida de Hitler não muda muito: hospeda-se na casa de herr Popp, na Schleissheimerstrasse, e continua a viver de expedientes. Em 3 de agosto de 1914, é feita a declaração de guerra à França: Adolf Hitler, que está entre a multidão entusiasta na Praça Odeon, logo se apresenta para ser alistado como voluntário. Com efeito, meses depois parte para a frente ocidental. Integra a primeira companhia do regime List, com o encargo de estafeta; enfrenta o batismo de fogo na dura batalha de Ypres e assiste à dizimação do seu regimento. Em 1915 está em ação perto de Tourcoing e Neuve Chapelle, no ano seguinte em Somme e perto de Bapaume. Aí, a 7 de outubro de 1916, Hitler foi ferido em uma perna e internado no hospital de Beelitz, perto de Berlim; mas após breve convalescença e alguns meses de reserva em Munique, volta à frente com o grau de cabo. Participa então das operações na região de Arras, Artois e Chemin des Dames; em 1918 está em Montdidier e em Soissons. Em 4 de agosto lhe foi conferida uma Cruz de Ferro de primeira classe, condecoração extraordinária para um simples cabo. Na noite de 14 de outubro, enfim, está de novo em Ypres, onde os ingleses atacam com gases: seus olhos são atingidos, sofre um colapso e é imediatamente internado no hospital de Pasewalk, perto de Stettin. É aí que, a 11 de novembro, tem conhecimento do término da guerra: a grande Alemanha rendeu-se. A grandeza e a complexidade dessa luta, que afetou a humanidade inteira, não podiam deixar de produzir repercussões profundas no espírito de Hitler. Em 13 de novembro de 1918 Hitler volta ao seu regimento, o décimo sexto da infantaria bávara, sediado em Traunstein na Alta Baviera. Atravessou uma Alemanha caótica e desesperada, perturbada pela miséria, pelo medo, pela violência da revolução. Duas semanas antes a 31 de outubro, todos os navios de carreira, os cruzadores e os encouraçados de Kiel amotinaram-se , avivando um movimento espontâneo de marinheiros que proclamou a República social; a insurreição propagou-se em seguida para Hamburgo onde encontrou a adesão dos Conselhos dos soldados e dos operários. Na noite entre 7 e 8 de novembro o socialista Kurt Eisner constituiu em Munique a República Bávara, baseada no Conselho dos operários, dos soldados e dos camponeses. O dia 9 de novembro foi agitado em Berlim: enquanto os Conselhos proclamavam a greve geral, o chanceler imperial Max von Baden punha fim às indecisões do imperador Guilherme 2, que renunciou ao trono, entregando nas mãos do social-democrata Friedrich Ebert o cargo de chanceler do Reich; à tarde, com meia hora de diferença, dois homens proclamaram a República: o social-democrata Philipp Scheidemann, falando de uma janela do Reichstag, e o comunista Karl Liebknecht, dos degraus do castelo imperial. Dois dias depois, finalmente, em Compiègne, Matthias Erzberger, chefe da comissão alemã para o armistício, assinou pela Alemanha o tratado com as potências ocidentais.
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