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segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Hitler por ele mesmo - Parte 7


Nos dias seguintes, enquanto em Traunstein Hitler presta serviços de guarda em um campo de concentração para prisioneiros russos, em Berlim a situação se precipita: o movimento dos espartaquistas chefiados por Liebknecht e por Rosa Luxemburgo continuou sua obra de mobilização armada para transformar a Alemanha em Estado comunista do tipo soviético.  Mas entre 10 e 17 de janeiro de 1919 as companhias dos Corpos Francos, sob a direção do Ministro da Defesa, Gustav Noske, atacam com extrema decisão os espartaquistas, é a semana sangrenta, que culmina com o assassinato dos dois líderes do movimento, Liebknecht e Rosa Luxemburgo.  Assim o governo social-dedocrata  conseguiu controlar a situação, apoiando-se no exército e dissolvendo os Conselhos do povo; mas nas eleições seguintes, de 19 de janeiro, os socialistas conseguem uma maioria apenas relativa (185 cadeiras sobre 421), enquanto o centro se mantém (88 cadeiras ao católicos, e 75 aos democratas) e a direita consegue um discreto sucesso (42 cadeiras aos nacionalistas, 22 aos nacionais-liberais).  São esses os dias em que nasce e se espalha com excepcional rapidez o slogan da " punhalada nas costas ", isto é, o mito segundo o qual o invencível exército alemão não teria sido derrotado pelas armas adversárias, mas pela traição dos inimigos internos: socialistas, comunistas e judeus.  No fim de janeiro, Hitler volta para Munique.  A cidade continua entregue à desordem, que ainda mais se agrava em fevereiro, quando o presidente Kurt Eisner é assassinado.  Nesse ponto a luta política desencadeia-se em violentíssimos conflitos de rua: de um lado, os monarquistas separatistas, que trabalham ´para a volta ao trono dos soberanos católicos Wittelsbach, em uma Baviera separada da Prússia protestante; de outro, os comunistas e os socialistas das várias tendências: os fiéis ao governo central de Berlim e os mais favoráveis às soluções radicais de tipo soviético; e ainda os nacionalistas ligados ao império dos Hohenzollern  e os simplesmente irritados pela derrota.  Após um breve período no qual o governo é dirigido pelo social-democrata Johannes Hoffman, em 6 de abril Ernst Toller e Gustav Landauer proclamam, na Baviera, a República Vermelha dos Conselhos.  Mas também esse governo tem uma vida brevíssima: já em primeiro de maio, de fato, a Munique esfomeada rende-se às divisões militares enviadas por Noske.  Adolf Hitler viveu toda essa fase quente de lutas numa caserna em Munique.  Logo que os Corpos Francos do General von Epp sufocaram os últimos focos de resistência, o cabo, com trinta anos de idade, sai do esconderijo.  Primeiro é destacado para a comissão de inquérito do Reichsweher (o exército) " para reunir indícios que pesam sobre os suspeitos de cumplicidade com os comunistas "; em seguida, frequenta um curso de instrução política para soldados e se torna Bildungsoffizier (oficial instrutor).  Em setembro __ enquanto dura a tensão por causa da assinatura do tratado de paz de Versalhes __ Hitler é encarregado de investigar um novo pequeno grupo político, o Partido dos Trabalhadores Alemães, e nele se inscreve.  A atmosfera de miséria e de violência e a proletarização da classe média permitiram a Hitler uma ascensão rápida no campo político.  Em menos de seis meses Adolf Hitler tornou-se o líder absoluto e indiscutível do Partido dos Trabalhadores Alemães.  Seu fundador, o ferreiro Anton Drexler, e seu presidente, o jornalista Karl Harrer, tinham se contentado, até aquele momento, em promover discussões e debates nas cervejarias de Munique entre os quarenta membros e os outros poucos simpatizantes.  Hitler, ao contrário, desde sua primeira aparição no partido, a 12 de novembro de 1919, dedicou a ele toda a energia: membro do comitê dirigente encarregado da propaganda, em outubro conseguiu atrair mais cem pessoas ao comício na Hofbrauhaus, duzentas em novembro, quase duas mil em 24 de fevereiro de 1920, quando ilustrou os 25 pontos do programa do partido.  É esta, em certo sentido, a verdadeira data de nascimento do nacional-socialismo na Baviera.  Em abril, mês em que Hitler deixa o exército para dedicar-se inteiramente ao partido, este assume sua denominação definitiva: Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei (ou NSDAP, Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães).  Em dezembro, graças provavelmente aos fundos secretos do exército, o NSDAP pode comprar um jornal, o semanário Volkischer Beobachter ( O Observador do Povo ).  No verão de 1921 Hitler vai a Berlim por algumas semanas, onde estabelece contatos ideológico-financeiros com círculos e movimentos nacionalistas do Norte.  De volta a Munique, em julho, põe fim bruscamente a uma manobra de caráter frondista chefiada por Drexler e Harrer; de fato, segundo sua proposta, o estatuto é modificado de modo a concentrar todos os poderes nas mãos do presidente, e naturalmente o novo presidente é ele mesmo, Adolf Hitler.  Com a criação da " seção ginástico-esportiva " (3-8-1921) reorganizam-se as forças paramilitares do movimento, e é Hitler em pessoa que em setembro guia as suas esquadras contra o comício do federalista bávaro Ballerstedt (por essa ação Hitler será processado e condenado a três meses de prisão).  Em novembro as formações de batedores do NSDAP __ que assumiram o nome mais apropriado de Sturm-Abteilungen (ou SA, esquadra de assalto) __ dão início às ações Saalschacht (batalha de sala), batendo-se ferozmente com os comunistas na Hofbrauhaus.  Nesse ponto o partido alcançara uma bem definida e compacta estrutura.  Princípio geral é a autoridade absoluta do chefe (Fuhrer-prinzip): abaixo dele, com certa autonomia de operações, o aparato dos funcionários superiores, ligados ao chefe por uma relação de responsabilidade pessoal e direta; depois a base de militares, sujeitos todos à mesma relação de subordinação com respeito aos superiores hierárquicos.  O debate ideológico não encontra praticamente espaço para se formar e crescer, os contrastes de opiniões são imediatamente sufocados, se necessário com a força.  Depois de alguns meses de prática, frequentemente confusa, Hitler pôs em evidência seus grandes dotes de orador e propagandista.  Junto dele, os quadros dirigentes são formados por homens de várias classes sociais e experiências diversas: Gottfried Feder, engenheiro e estudioso amador de ciências econômicas, defensor convicto da teoria do " capital especulativo " e da luta contra a " escravidão do interesse ", que aparece também no programa do partido; Dietrich Eckart, jornalista, dramaturgo e poeta conhecido na alta sociedade, anticlerical autêntico e racista refinado, compilador da parte mais estritamente ideológica do programa; Ernst Rohm, major do exército, organizador dos Corpos Francos na Baviera e partidário do fichamento político entre os militares e os civis, perito em obter simpatias e financiamentos da parte das autoridades do exército; Rudolf Hess, ex-oficial piloto da aviação, apaixonado por astrologia e mitologia nórdicas, secretário particular e muito dedicado a Hitler; Hermann Goering, herói nacional da Primeira Guerra Mundial e último comandante da famosa esquadrilha Richthofen (o " Barão Vermelho" ), chefe das SA em 1922; Alfred Rosenberg, estoniano, estudante de arquitetura, foragido de Moscou no tempo da revolução bolchevista, retórico inexaurível dos princípios da raça e da cultura arianas; Gregor Strasser, farmacêutico, chefe das SA do distrito de Landshut, fiel defensor até o último do nacional-socialismo; Julius Streicher, professor primário, fundador e diretor do Sturmer, o jornal mais violentamente anti-semita do Reich.  Nesse período inscrevem-se no partido também algumas figuras da alta aristocracia, que além do nome trazem discretos financiamentos: Friedelind Wagner, neto do grande músico, Putzi Hanfstangl, editor de arte de origem americana, a senhora Helene Bechstein, a dos famosos pianos, a senhora Gertrud von Seidlitz, a rainha do papel, e a família do conhecido editor Bruckmann.  Mas, basicamente, os inscritos são na maior parte ex-militares desarraigados que acharam nas formações das SA as palavras de ordem preferidas e o pagamento mínimo para sobreviver; ou lojistas empobrecidos pela crise econômica cada vez maior, fascinados pelas perspectivas de assaltar as grandes lojas dos judeus.  As ideias políticas básicas de Hitler tomaram forma no ambiente da classe média de Viena, onde vivera em sua juventude.  Acreditava ser a desigualdade entre os homens e as raças decorrência da ordem natural das coisas.  Exaltava as raças arianas e temia e odiava os judeus.

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