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quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Parte 2 - Gestapo e Adolf Hitler.



Chefões da Gestapo e da cúpula nazista dominaram a Interpol.   A Organização Internacional de Polícia Criminal , a Interpol, foi criada na Áustria, em 1923, para promover a cooperação entre as polícias do mundo.  Para a Gestapo, o intercâmbio significava uma bela chance de aprimorar as técnicas de investigação.   Não foi à toa que vários nazistas fizeram carreira na organização.   Um deles foi o general da SS Kurt Daluege, eleito vice-presidente da Interpol em 1937.  Reinhard Heydrich, um dos primeiros líderes da Gestapo, chefe da RSHA (que englobava as polícias do Reich, inclusive a secreta ) e arquiteto do Holocausto, ocupou a presidência da organização entre 1940  e 1942.  " Sob a nova liderança alemã, a Interpol vai ser o centro da polícia criminal ", anunciou ele à época.   A sede nacional da Interpol ficava numa mansão em Wannsee, subúrbio de Berlim.  Foi ali que a cúpula nazista realizou uma conferência, em 20 de janeiro de 1942, para planejar a chamada Solução Final contra os judeus.   Heydrich morreu meses depois, vítima de um atentado em Praga, mas o Reich não perdeu a liderança da organização por muito tempo.  Ernst Kaltenbrunner (sucessor de Heydrich na RSHA ) tornou-se presidente em 1943 - e continuou no cargo até o fim da Segunda Guerra.   Agentes monitoravam um dos mais luxuosos bordéis de Berlim.  Segredos de alcova também alimentaram a rede de informações do Reich.   Uma parceria entre Gestapo e o SD (o Serviço de Segurança do partido nazista ) transformou um badalado bordel de Berlim em centro de vigilância.   O Salão Kitty tinha escutas nos quartos e prostitutas treinadas para tirar confidências de clientes  como diplomatas do exterior e oficiais nazistas.   A ideia de Reinhard Heydrich era identificar possíveis traidores.   O bordel foi operado pelo SD entre 1940 e 1942 e inspirou o filme Salão Kitty (1976), de Tinto Brass.   Mulheres ambiciosas não só espionavam mas também tiravam vantagem de seu relacionamento  com os barões da Gestapo, como a atriz russa Mara Tchernycheff,    Protegida por Henri Chamberlain, chefe da polícia secreta na França ocupada, ela faturou alto contrabandeando bens de judeus deportados.   Ela é uma das " condessas da Gestapo ", citadas no livro homônimo de Cyril Eder, sem edição no Brasil.   Werner von Blomberg e Werner von Fritsch, em 1938, eles renunciaram aos mais altos cargos das Forças Armadas da Alemanha por causa de informações pessoais e boatos espalhados por agentes da Gestapo.   A mulher do primeiro posou para fotos pornográficas e o segundo foi acusado de ser homossexual.  A maioria desses agentes atuava atrás da escrivaninha, analisando denúncias.  Nas batidas em locais suspeitos, nas ruas, frequentemente andavam à paisana.   Mas, sob o comando de Himmler, que pretendia fundir toda a intricada estrutura policial alemã à SS, investigadores, espiões e detetives tornaram-se cada vez mais violentos.   Desde o início da Segunda Guerra, membros da Gestapo passaram a integrar, ao lado da tropa paramilitar, esquadrões da morte que seguiam o Exército nos países ocupados, eliminando quem bem quisessem - principalmente os judeus.   Himmler revelou-se um dos maiores carrascos da população judia ainda antes da guerra.   A perseguição começou com um boicote econômico às suas lojas, ordenado por Hitler, em 1933.   Dois anos depois, as Leis de Nuremberg cassaram a cidadania dos judeus e declararam ilegais os casamentos entre eles e pessoas de " sangue alemão ".   Qualquer contato passou a ser visto pelo regime como um crime em potencial.   E a polícia secreta mantinha-se atenta, para azar de Samuel Novak, entre tantos outros.   Em 1936, o judeu de 61 anos foi a um restaurante berlinense com a jovem ariana Augusta Hauser.   Um soldado avisou a Gestapo.   Interrogada, ela revelou que tinha um caso com o patrão havia dois anos.   Ambos foram presos e torturados.   Desesperado ao saber da confissão do amante, Novak enforcou-se na cela.   " A maioria dos alemães achou que as novas leis estabilizariam a situação do país ao relegar aos judeus uma esfera de segunda classe e que isso sanaria a violência das ruas.   Em geral, não pareciam se incomodar com a violência dos direitos  fundamentais ", diz o historiador Michael Burleigh no livro The Third Reich: A New History (O Terceiro Reich: Uma Nova História, inédito no Brasil).   " A oposição se limitava à burguesia liberal, alguns enclaves católicos e homens de negócios preocupados com as repercussões no exterior. "   A perseguição se intensificou para valer com a Noite dos Cristais, em 9 de novembro de 1938.   Uma onda de ira popular varreu a Alemanha em represália ao assassinato de um diplomata , em Paris, por um judeu polonês, revoltado com a perseguição a seu povo.  Os tumultos foram insuflados pelos escritórios locais da Gestapo.   Deixaram mais de 90 judeus mortos e centenas de feridos.   Cerca de 30 mil pessoas foram enviadas aos campos de concentração, administrados pela SS.   A partir daí, a polícia secreta só permitiu perseguições " metódicas e planejadas ", como dizia Goring.   Durante a guerra, o controle social foi radicalizado.   O regime de exceção podia considerar delito qualquer frase dita em público que pudesse ofender " a vontade do povo alemão ".  A Gestapo se tornara mais poderosa do que nunca.   Himmler conseguira unificar todas as forças policiais do país e submetê-las à SS com a criação do Escritório Central de Segurança do Reich (RSHA).   Em 1940, a polícia secreta foi liberada de cumprir o Decreto do Reichstag.   Ou seja, na prática, podia atuar como legislador, juiz, jurado e executor.   Assim, tornou-se a última instância responsável pelo destino dos judeus.  Comandante em Berlim, Reinhard Heydrich personificava o estereótipo dos oficiais da Gestapo: intrépido e impassível.   " Muitos também tinham uma personalidade insegura.  Heydrich vivia atormentado pela ideia de ter um antepassado judeu ", diz Eric A. Johnson em Nazi Terror.   Segundo ele, os chefes de assuntos judaicos eram selecionados entre os veteranos de aparência pouco ameaçadora - uma estratégia para fisgar suas vítimas.  " Além de refinar métodos tradicionais de tortura, terror e colaboração, a Gestapo agregou um ingrediente novo: ela operava juntamente com organizações extraterritoriais e internacionais, como a Ausland-SD (agência de inteligência no exterior com abrangência das Américas ao Japão), o corpo  diplomático alemão e departamentos policiais da Interpol, que ela ajudou a fundar, afirma o escritor Edwin Black, autor de Nazi Nexus.  

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