A perseguição oficial da magia no Império Romano começa já no século 2 antes de Cristo. Em 139, começou-se por expulsar os magos caldeus de Roma. No entanto eles sempre voltaram, ilegalmente, pois a polícia ainda não dispunha de computadores com terminais em cada posto de fronteira... Nem existiam passaportes com retrato à prova de falsificação. Também sob o reinado do Imperador Augusto, que viveu de 63 antes de Cristo a 14 depois de Cristo, os magos e astrólogos caldeus eram mal vistos.; menos pela periculosidade dos seus elixires de vida e filtros de amor secretos, e por comercializá-los, mas por terem sua própria religião, venerando deuses ignotos em vez de adorar os deuses da religião oficial romana. Isto poderia levar a formação de seitas secretas e tornar-se um perigo para o Estado. Por outro lado, o imperador percebeu que não conseguiria resultado algum com a pena de exílio. Portanto proibiu a posse de livros mágicos. As buscas domiciliares efetuadas resultaram na apreensão de dois mil livros caldeus, que foram sumariamente incinerados. Desta forma, o imperador aniquilou um acervo de conhecimentos acumulado durante séculos; representou sem dúvida uma perda insubstituível para os magos. No entanto, a incineração destes livros provocou um efeito exatamente oposto ao planejado. Já foi mencionado que a religião oficial, com seus deuses copiadores dos gregos, e rebatizados com outros nomes, caíra ao nível de um culto do presente, desprovido de conteúdo. Ninguém acreditava mais naqueles deuses. Todavia, povo algum consegue subsistir por muito tempo sem religião; uma religião que lhe ofereça padrões para orientação espiritual e resposta para a velha pergunta enraizada na mente humana: o sentido da vida. O Império Romano estava passando por uma crise cultural. Por toda a parte no império ocorriam revoltas de escravos. Nem o imperador, nem seus ministros burocratas estavam em condições de reconhecer os sintomas de um processo coletivo de transformação espiritual. Esta incompreensão pode ter sido o início ou o ponto de partida para a subsequente decadência e queda do Império Romano mundial. As consequências desta situação crítica foram justamente as que o Imperador Augusto tentara evitar. Criaram-se inúmeras seitas e sociedades secretas, adeptas de conceitos e doutrinas religiosas trazidas pelos magos das províncias romanas da Ásia Menor. Vieram inclusive para a Roma os discípulos de um pregador judeu itinerante, chamado JESUS de NAZARÉ, proclamando uma nova religião, a doutrina de um homem que se intitulava filho do único deus verdadeiro, e que preconizava o amor ao próximo, e que seus conterrâneos, os judeus, tinham condenado por isso à dolorosa morte na cruz. Em escassos trezentos anos, o cristianismo foi elevado a religião oficial pelo Imperador Constantino. A vitória desta nova religião foi tão completa que ela passou a ser a predominante em todo o mundo ocidental. Ainda hoje, no final do segundo milênio após o nascimento do seu fundador, ano considerado marco zero para a cristandade, continua a ser uma religião mundial, abrangendo toda a face da Terra. A explicação sociológica, frequentemente apresentada, não satisfaz; é verdade que a doutrina se espalhou inicialmente entre escravos revoltados e entre cidadãos desprovidos de bens e de direitos. No entanto, é uma interpretação simplista demais. A magia nos ajuda a compreender melhor o fenômeno. Os apóstolos proclamavam acerca seu Deus, ou do filho de Deus descido à Terra e tornado homem. Milagres e mais milagres!! Aquele Jesus, ou Cristo, e que em grego significa ungido. Ele transformara água em vinho. Multiplicara magicamente pães e peixes, andara sob as águas sem afundar, curara coxos e fizera cegos enxergar, fizera até mortos retornar à vida. E por fim, ele mesmo retornara à vida depois de morrer. Nenhum mágico romano tinha conseguido praticar tantas proezas milagrosas. Mas também esta explicação não satisfaz totalmente. Para Cristo, toda pessoa tinha alma, até escravos e mulheres. A idéia de que toda a pessoa tem alma própria, racional e imortal é a noção contagiante que explica a irresistível ascensão do cristianismo. A alma passa a ser fator de poder. Todavia alguns Pais da Igreja, como Tertuliano e Orígines, tentaram restringir novamente a igualdade proclamada por Cristo. Também é de supor que os antigos cristãos conhecessem práticas secretas dos mágicos xamanistas, isto os auxiliava a suportar as torturas a que eram submetidos durantes as perseguições, principalmente no governo do Imperador Nero. Eram forçados a lutar contra feras selvagens nos espetáculos circenses, ou atados a estacas, untados com alcatrão e transformados em tochas vivas. Outros eram colocados sobre grelhas em brasas, cozidos em óleo fervente, e mais suplícios desumanos deste gênero. Em tais situações de emergência, sem dúvida se valiam dos conhecimentos dos curandeiros, como a capacidade de não sentir dor ao andar sobre brasas ou a de secar lençóis enregelados com a técnica do calor mágico. No entanto, também a fé inquebrantável é capaz de desencadear uma anestesia psicogênica, isto é, de origem psíquica. A noção de uma alma etérea é rejeitada posteriormente pelas autoridades eclesiásticas. O santo padre Aurélio Augustino endossa a doutrina dualista de Aristóteles, isto é, a alma orgânica animal e a alma espiritual; o Eros do amor terreno e o eros do amor celestial. Adapta estas teorias à doutrina cristã. Só que transforma os conceitos baseados nas ciências naturais em conceitos moral-teológicos. O cristianismo endossa igualmente a noção dos dois poderes do bem e do mal encontrada em todas as religiões pré-cristãs. São os irmãos inimigos Seth e Osíris dos egípcios, as naturezas antagônicas de Iavé e Malèk-Iavé, que depois se torna o filho de Deus. Satã para os judeus - o deus da luz Ormuzd (o bem) e seu oponente Ahriman (o mal), na antiga religião persa de Zaratrusta. Entre os cristãos, isto levou à conhecida divisão do mundo em três setores: céu, inferno e a Terra entre eles. No mundo celeste superior; o reino de Deus, muito acima das nuvens e das estrelas, são recebidas as almas dos bons após a morte. Mesmo que as almas não tenham consistência material, o céu - também denominado Paraíso - é concebido de forma material. O inferno, como mundo inferior, debaixo do solo, é o reino do filho caído de Deus, o arcanjo Lúcifer. Príncipe das trevas.
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