No entanto, o Novo Testamento, a complementação cristã da Bíblia, contém uma série de indícios de que Lúcifer literalmente, o Portador de Luz, agora Príncipe das Trevas, sob o ponto de vista cristão, também era o senhor do mundo terreno. Portanto, magia, feitiçaria e bruxaria, que se baseiam em conhecimentos secretos da natureza, só seriam possíveis pela influência do rei dos infernos. .E daí em diante passaram a ser consideradas artes diabólicas. Magos e bruxas foram perseguidos pelas autoridades governamentais e quando o cristianismo foi elevado a religião oficial, também pelas autoridades eclesiásticas. Já antes da era cristã, o centro da magia era Alexandria, famosa pela sua biblioteca. Nela, os reis Ptolomeus haviam colecionado setecentos mil rolos escritos. Quando Júlio César conquistou o Egito e se apoderou de Alexandria, a maioria dos livros desta mais importante biblioteca da Antiguidade desapareceu num incêndio. Porém, Marco Antônio, seu sucessor também nas graças da bela e sedutora Rainha Cleópatra, indenizou a amada pelo prejuízo. Presenteou-a com a Biblioteca de Pérgamo, o segundo maior tesouro bibliográfico do mundo da época. Com isto, a Biblioteca de Alexandria tornou-se ainda mais importante do que era. Os cristãos, porém, foram mais rigorosos. O Bispo Teófilo, Patriarca de Alexandria, mandava avariar e destruir templos, locais de culto e símbolos religiosos da população não-cristã. Salvaram-se do massacre apenas os volumes da biblioteca do Museu. Estes foram destruídos 250 anos depois pelos adeptos do islamismo, quando os exércitos do Profeta, em sua vitoriosa marcha pela propagação da nova religião, conquistaram por sua vez Alexandria. O Califa Omar achava que todos os livros que divergissem do Livro de Deus, o Alcorão, eram nocivos. Portanto, os volumes restantes daquilo que fora a mais famosa biblioteca do mundo de outrora foram distribuídos pelos banhos públicos a fim de servirem de combustível nas fornalhas. Após a conquista de 638 depois de Cristo, Alexandria perdeu sua posição de centro cultural e de ciências psíquicas que ainda mantivera durante os primeiros séculos da era cristã. A sucessão passou para Constantinopla. Alexandria não era apenas o centro da magia, mas também da GNOSE e das ceitas gnósticas, que combatiam acirradamente o cristianismo. Lamentavelmente é síndrome acompanhante das revoluções culturais a destruição de valores, hábitos e práticas tradicionais, assim como a erradicação das religiões até então válidas. Mesmo hábitos populares inocentes, como queimar INCENSO, fazer uma invocação mágica ao deus do Lar ao acender o fogão, ou ornar a casa com flores em sua homenagem, eram motivos para castigos draconianos. Kurt Seligmann chega à conclusão de que pelo menos durante setecentos anos a magia parecia ter sido reprimida, senão suprimida. No entanto, as coisas não devem ter chegado a este ponto. Porém, uma consequência real da disseminação da religião cristã foi a parada científica por cerca de meio milênio. Não havia mais atividade científica como nos tempos da antiga civilização egípcia, com seus templos-universidades ou academias públicas como as gregas. O que o cristão queria saber estava contido nas obras do mestre eclesiástico Agostinho. E, executando o caso isolado do médico-psicólogo romano Galeno. É preciso considerar que este estranho e profundo sono encantado se aplica à ciência pública, sancionada pelo Estado e pela Igreja. A explicação da natureza dada pela Bíblia e por outros textos religiosos constituía dogma de fé para os crentes. Duvidar destas verdades eternas era crime merecedor de pena de morte. A decadência de Roma era resultado do materialismo praticado pelos romanos. Nem mesmo a Igreja conseguira extirpar a magia popular. Pois a doutrina cristã apelava também para o pensamento mágico das pessoas. Era uma magia contra a outra. Prova disso é o encontro de Simão, o Mago teurgo e sumo sacerdote de uma seita gnóstica com os apóstolos. As lendas dos santos contêm inúmeros exemplos. Por exemplo: Jorge que morreu posteriormente como mártir, matou um dragão, segundo diz a lenda, ao qual haviam entregue a filha do rei para ser devorada. Após resgatar a jovem, Jorge contou a moça, deslumbrada com seu heroísmo, que a força para vencer o dragão lhe havia sido conferida pelo Deus dos cristãos. A notícia se espalhou rapidamente pelo povo que se converteu em massa à religião cristã. No caso citado, a figura de São Jorge deve ter sido superposta ao mito de Midra. Para os cristãos, o cavaleiro de São Jorge se torna então símbolo da vitoriosa luta do bem contra o mal, ou seja, do cristianismo sobre o paganismo. Porém, quando falamos numa contramagia cristã, é preciso frisar que ela se diferencia significativamente da magia tradicional.
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