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sábado, 20 de agosto de 2016
" Os Subterrâneos - Jack Kerouac " - Parte 2
A recente publicação de On the Road no Brasil suscitou a previsível polêmica sobre seu valor literário e sobre a importância de seu autor. Chegou-se a falar em modismo e volta aos anos 50. E até mesmo em " inútil exumação ", recentemente em um dos nossos suplementos literários. Nada a estranhar: a polêmica o acompanhou por sua vida e continuou depois dela. Mesmo assim, é importante assinalar que o reconhecimento da contribuição de kerouac e a atenção dada a sua obra só tem crescido após sua morte. Hoje, nos estados Unidos e em outros lugares, Kerouac está sendo mais lido e melhor lido. Contribui para isso a publicação da sua mais extensa e inspirada obra, Visions of Cody, postumamente, em 1972. E também a maior atenção à sua obra evocativa, em que fala da infância e juventude: Doctor Sax, Maggie Cassidy, Visions of Gerard e Vanity of Duluoz. Tais livros não nos revelam um " outro " Kerouac: eles apenas ampliam a compreensão da sua obra e da sua personalidade. O destaque dado a Kerouac como " beatnik " talvez tenha algo de modismo ultrapassado, mas não o interesse pelo Kerouac escritor. Este continua e permanecerá: tanto é, que a bibliografia a seu respeito, os estudos dedicados à sua vida e obra, têm aumentado do começo dos anos 70 até hoje. Sua biografia por Ann Charters é de 1973, do mesmo ano, Kerouac's Town de Barry Gifford e Visions of Kerouac de Charles E. Jarvis. E há outro Visions of Kerouc, por Martin Duberman, de 1977. Gisnberg escreveu sobre ele em Visions of the Great Rememberer, de 1974. De 1976 é o The Naked Angels de John Tytell, talvez o melhor livro sobre o trio constituído por Kerouac, Ginsberg e Burroughs. De 1978, o interessantíssimo Jack's Book de Barry Gifford e lawrence Lee, um livro colagem de depoimentos a seu respeito. E quem acompanhar a vida literária do restante do planeta saberá que também tem aumentado o número de traduções, ensaios, artigos e resenhas na França, Itália, Espanha, etc. Estamos, portanto, em um momento perfeitamente adequado para uma boa recepção de Kerouac, como escritor e não apenas como protagonista de um enredo que tem muita coisa de folclórico e circunstancial. E, por isso mesmo, para começar a examinar o valor e a importância deste Os Subterrâneos dentro da sua obra. Sabe-se que o seu caso amoroso com Mardou Fox, que se transformou em triângulo envolvendo Gregory Corso ( Yuri Gligoric no livro ), tendo ainda como participantes da história Allen Ginsberg ( Adam Moorad ) e Lawrence Ferlinghetti ( Larry O'Hara ), ocorreu no ápice do período mais agitado e criativo da sua vida, de 1951 a 1955, quando, além de viajar sem parar, escreveu onze dos seus livros. Segundo a lenda criada ao redor da rapidez de kerouac para escrever, este teria sido o mais espontâneo dos seus textos: logo depois de terminar o caso com Mardou, mandou-se para o outro extremo do país, Long Island, onde então morava " Memere ", sua idolatrada mãe, trancou-se no sótão da sua casa e escreveu 111 páginas " em três noites de lua cheia, em outubro de 1953. Há um certo exagero nessa história da velocidade de Kerouac para escrever. Sabe-se que On the Road não foi feito apenas em três semanas, mas sim em duas etapas, com uma boa parte refeita depois. Mas, de qualquer forma Os Subterrâneos está em primeiro lugar na escala da rapidez. E, talvez por isso, como obra especialmente representativa da sua " prosódia bop ", do estilo que ele criou.
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